23 May 2011
Diário de Notícias
Rute Coelho
Portuguese
Portuguese to English translation (Google)
Parents of Madeleine McCann, who disappeared in the Algarve on May 3, 2007
'Madeleine', the book written by Kate McCann, arrives in bookstores today in Portugal. This is the testimony of a mother who struggled with the guilt that accompanies it today.
In an interview with DN, Kate and Gerry talk about the unshakable belief that they have in the theory of the kidnapping of his daughter and hope in the review of the case by Scotland Yard. Gonçalo Amaral criticized for advocating "no evidence" that Madeleine is dead, though they acknowledge that there is no evidence she was abducted
"It was a man who took Madeleine '
Kate explained that she wanted to write this book to tell the truth about the disappearance of her daughter.
Why are you so sure that Madeleine was abducted?
Kate -
I wrote very clearly why, never had any doubts that someone took her. And it shows by how I described the room and as I found with the windows open.
Gerry -
We must keep an open mind regarding the possible scenarios. Do we have absolute certainty is that it was a man who took her. But we do not know whether he acted alone or why it took Madeleine.
This conviction comes from sightings of suspicious men in the village before and the day of the disappearance?
Kate -
The sightings were referring to people who came in with men report having seen suspicious behavior in the village, near the day of her disappearance. It is a pity that these men have not yet been identified. It is crucial for research that might be identified to be eventually eliminated from the investigation.
Scotland Yard is reviewing the process. They hope this contribution?
Gerry -
Absolutely. Two and a half years that we were asking for the review process. We are very pleased to have the experience and expertise of men from Scotland Yard. May bring a fresh look and ideas on the areas that failed in the investigation.
But only if they find something very important is that the case could be reopened in Portugal ...
Gerry -
Yes, our advisors Portuguese were very clear about this. If the process were to be formally reopened, will be given continued research. Kate and I always thought there were ways to proceed with the fundamental line of research [kidnapping].
Kate, it is noted in his book a strong emotional response to the book of Gonçalo Amaral, former coordinator of research, which claims that Madeleine died in that room. Questioned, and I quote, "why a retired police want to tell the world that a missing child is dead." Have you found the answer?
Kate -
You have to ask Gonçalo Amaral. I know that every parent in our situation would find it unbearable that we passed.
But Goncalo Amaral was limited to defending a thesis, as Kate defended the abduction of the book he wrote ...
Kate -
I wrote the book to help find Madeleine, giving more money to the Fund. Just find it incredibly surprising that a former coordinator of the Judicial Police say Madeleine died without proof.
There is also no evidence that your daughter has been kidnapped. Gonçalo Amaral condemn the theory because it implies you?
Gerry -
As you know we have taken legal proceedings against him. There are huge gaps in the theory of Gonçalo Amaral. In some respects that focused became ridiculous, to be quite frank.
The book criticizes quite the Portuguese investigation. If Madeleine had gone on British soil would have been different?
Gerry -
In England there would have been perhaps more sensitive to the case, because they have had experience with this kind of kidnapping. There are recent cases in the last three years in the UK.
The British prime minister David Cameron has supported your application for review of the process. The former prime minister Gordon Brown arrived to call you to give your support. They feel they have special treatment, comparing with other parents in the same situation?
Kate -
We must remember that Madeleine is a British citizen. It does not seem unreasonable that the government helps.
Gerry -
Before all this happened, we had no connection to the British Government. The fact that it is a very rare case of abduction, a tourist village, clearly attracted the attention of public opinion. And we are grateful for all the help we received.
Kate, Madeleine appeared today, what would you say?
Kate -
I just wanted to hug her, just wanted to hug her ...
Gerry -
Madeleine, we love you very much and will not give up looking for you.
"In England there would have been perhaps greater sensitivity "
Gerry and Kate McCann guarantee that they will not stop looking for her daughter, now 8 years
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ORIGINAL ARTICLE (PORTUGUESE)
Pais de Madeleine McCann, desaparecida no Algarve a 3 de Maio de 2007
'Madeleine', o livro assinado por Kate McCann, chega hoje às livrarias portuguesas. Trata-se do testemunho de uma mãe que lutou com o sentimento de culpa que a acompanha ainda hoje. Em entrevista ao DN, Kate e Gerry falam da convicção inabalável que têm na tese do rapto da filha e na esperança na revisão do caso pela Scotland Yard. Criticam Gonçalo Amaral por defender "sem provas" que Madeleine está morta, apesar de saberem que não há provas de ter sido raptada
"Foi um homem quem levou a Maddie"
RUTE COELHO
A Kate explicou que quis escrever este livro para contar a verdade sobre o desaparecimento da sua filha. Porque está tão certa de que Madeleine foi raptada?
Kate - Escrevi muito claramente porquê, nunca tive dúvidas nenhumas de que alguém a levou. E isso nota-se pela forma como descrevi o quarto e como o encontrei, com as janelas abertas.
Gerry - Temos de manter uma mente aberta em relação aos possíveis cenários. Do que temos a certeza absoluta é de que foi um homem que a levou. Mas não sabemos se agiu sozinho nem porque levou Madeleine.
Essa convicção vem dos avistamentos de homens suspeitos no aldeamento antes e no dia do desaparecimento?
Kate - Os avistamentos que refere foram pessoas que nos vieram relatar ter visto homens com um comportamento suspeito no aldeamento, próximo do dia do desaparecimento de Madeleine. E é uma pena que estes homens ainda não tenham sido identificados. É crucial para a investigação que venham a ser identificados para serem, eventualmente, eliminados da investigação.
A Scotland Yard está a rever o processo. Têm esperança nesse contributo?
Gerry - Sem dúvida. Há dois anos e meio que andávamos a pedir a revisão do processo. Estamos muito satisfeitos por contar com a experiência e a perícia dos homens da Scotland Yard. Poderão trazer um olhar fresco e ideias sobre as áreas que falharam na investigação.
Mas só se encontrarem algo muito relevante é que o processo pode ser reaberto em Portugal...
Gerry - Sim, os nossos conselheiros portugueses foram muito claros quanto a isso. Se o processo vier a ser formalmente reaberto, terá de ser dada continuidade à investigação. Eu e a Kate sempre achámos que havia aspectos fundamentais para prosseguir com a linha de investigação [do rapto].
Kate, nota-se no seu livro uma resposta emocional muito forte ao livro de Gonçalo Amaral, o ex-coordenador da investigação, que defende que Madeleine morreu naquele quarto. Questionou, e passo a citar, "porque é que um polícia reformado quereria anunciar ao mundo que uma criança desaparecida morreu". Já encontrou a resposta?
Kate - Terá de perguntar ao Gonçalo Amaral. Sei que qualquer pai ou mãe na nossa situação acharia insuportável o que passámos.
Mas Gonçalo Amaral limitou-se a defender uma tese, tal como a Kate defendeu a do rapto no livro que escreveu...
Kate - Escrevi o livro para ajudar a encontrar Madeleine, dotando com mais verbas o Fundo. Só acho incrivelmente surpreendente que um ex-coordenador da Polícia Judiciária diga que a Madeleine morreu sem ter provas disso.
Também não existem provas de que a vossa filha tenha sido raptada. Condenam Gonçalo Amaral porque a teoria dele vos implica?
Gerry - Como sabe tomámos procedimentos legais contra ele. Há enormes falhas na teoria de Gonçalo Amaral. Em alguns aspectos em que se focou chegou a ser ridículo, para ser completamente franco.
O livro critica bastante a investigação portuguesa. Se Madeleine tivesse desaparecido em solo britânico teria sido diferente?
Gerry - Na Inglaterra teria havido, talvez, maior sensibilidade para o caso, porque têm tido experiência com este género de raptos. Há casos recentes nos últimos três anos no Reino Unido.
O primeiro-ministro britânico David Cameron apoiou o vosso pedido de revisão do processo. O anterior primeiro-ministro Gordon Brown chegou a telefonar-vos a dar o seu apoio. Sentem que tiveram um tratamento privilegiado, se compararem com outros pais na mesma situação?
Kate - Há que lembrar que Madeleine é uma cidadã britânica. Não me parece irrazoável que o Governo ajude.
Gerry - Antes de tudo isto acontecer, não tínhamos qualquer ligação ao Governo britânico. O facto de ser um caso de rapto muito raro, num aldeamento turístico, claramente atraiu a atenção da opinião pública. E estamos gratos por toda a ajuda que recebemos.
Kate, se a Madeleine aparecesse hoje, o que lhe diria?
Kate - Só queria abraçá-la, só queria abraçá-la...
Gerry - Madeleine, amamos-te muito e não vamos desistir de te procurar.
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Em Inglaterra teria havido, talvez, maior sensibilidade"
Gerry e Kate McCann garantem que não vão desistir de procurar a filha, que hoje tem 8 anos